sábado, 23 de janeiro de 2010

te beijar até suas pernas tremerem.

sábado, 1 de agosto de 2009

Pés brancos e magros. Era tudo que via todas as noites antes de dormir quando apoiava os braços sobre a perna, vezenquando suas lágrimas formavam pequenas poças, que refletiam a lua, que era sinal de que já estava na hora de ir dormir e que mais um dia longo e comum vinha pela frente. Era assim todos os dias com ela,nada de novo acontecia.

quinta-feira, 30 de julho de 2009

-Odeio esperar.
-Você esperaria por mim?
-Espero que sim.
-Espero que esperar por você não seja um momento infinito de inesperado desespero.

segunda-feira, 15 de junho de 2009

Palavras do coração.

Era exatamente 7 horas da manhã, e eu não sabia ao certo se ainda estava dormindo, digo, sonhando, ou se aquela sensação de estar vivendo um presente que não me pertencia era por causa das doses de vinho barato ingerido na noite passada. Só sei que acordei assim, da mesma forma em que me encontrava em minha última lembrança, a única viva ainda em minha memória.
A única diferença era a presença de alguém ao meu lado. Esse alguém dormia, dormia tão delicadamente e suavemente que me passava uma tranqüilidade tão grande que nem os anjos seriam capazes de passar a alguém. E o cheiro dele era um cheiro inexplicável, era uma mistura, como doce com salgado, chiclete de melancia, creme hidratante, perfume e xampu com flores.
Seu braço fazia o contorno de minha cintura, estávamos tão próximos de modo em que não éramos mais dois, éramos um, dois corpos habitando um mesmo espaço. Sentia que ele era ligado a mim, como não sei, só sei que era... Como irmãos siameses.
Queria poder congelar aquele momento. Momento único, que me fazia sentir única de alguma forma, queria poder colocá-lo num pote, e carregá-lo pra cima e pra baixo, como aqueles globos com bonecos de neve que costumam ganhar no natal.
Seu corpo se encaixava ao meu de forma em que parecíamos ser duas peças de um vaso quebrado que hoje haviam se encontrado. Ele talvez pudesse ser minha melhor metade, por isso precisava dele aqui, precisa eternizar aquele momento de alguma forma, antes que minha memória frágil tivesse a infelicidade de esquecer. Eu, tradução de tudo que era errado, teria encontrado o caminho certo enfim.
A cada minuto que se passava, me vinha mais na cabeça que aquilo era realidade. E num piscar de olhos, bem no sentido literal da frase, seus cílios compridos começaram a se abrir. Seus traços me encantavam, nunca tinha reparado tanto em alguém, talvez nunca estivesse estado tão próxima de alguém como estava dele.
Quando seus olhos se abriram por inteiro, sorriu pra mim. Fazendo com que todas minhas dúvidas sumissem. Sumissem do nada, sem avisar, da mesma forma em que aquele sorriso aconteceu. E me beijou na boca, seus lábios macios tocando aos meus, aqueles que estavam secos e rachados por conta da baixa temperatura que havia feito naquela noite. Sua língua doce com gosto de manhã.
Bom dia- foi às primeiras palavras que ouvi aquele dia, ditas por ele, ainda com aquele rosto de sono, aquele rosto inchado que transparecia os sinais de cansaço e uma noite mal dormida. Já amava tudo nele, a cara de sono e inchada, o gosto de sua boca, as mãos ao meu redor, amava a idéia de estar amando, num mar de amor que me afundava cada vez mais, e me afogava.
Estava imersa de amor.
Seria capaz de amar a boca pela manhã, como já estava fazendo, os pés no fim do dia, o corpo inteiro durante o dia. Amaria a barba mal feita, a falta de banho, o mau-humor, amaria todos os detalhes de forma inexplicável e maravilhosa, amaria até seus defeitos, aqueles que o tornava único, para mim.
Abraçou-me tão forte que pude sentir meus ossos estralando. Seu abraço forte me passou a sensação de carinho, foi como se nós fossemos velhos amigos que não se viam há tempos, e novamente teriam se encontrado, tentando suprir o que o tempo levou ou impediu de acontecer num único só abraço, como se fosse o último.
Entrelaçou seus dedos aos meus, entrelaçou suas pernas as minhas, fazendo um oito.
Seu coração batia tão rápido que parecia a ponto de saltar para fora. O motivo não sei, talvez fosse o mesmo com que fazia que meu coração batesse tanto quanto o dele batia. A presença de alguém ao lado.
Eu era capaz de sentir seu coração pular junto ao meu. E a cada minuto que se passava aquele sentimento que nutria por ele aumentava. Crescia e tomava conta de mim, já percorria cada centímetro, cada parte de meu corpo, já estava empreguinada. A claridade tomava conta do quarto, fazendo com que minha visão se ofuscasse, sentia uma leve dor de cabeça, causada pelo tempo em que não via a luz.
Nada faria com que eu o perdesse. Nada seria tão grande a ponto de fazer com que aquele momento escapasse de minhas mãos. Eu tinha agarrado aquilo com todas minhas forças. E caso perdesse seria pra uma coisa tão grande como a morte. Se bem que acredito que nem mesmo a morte seria capaz. Fomos feitos um para o outro, seremos um até o fim. Seremos um até que não exista mais forma de existência na terra. Seremos um até que o ser invisível que controla toda a existência deixe de existir. Fomos feitos para durar.
Se ele me deixasse ou se aquele momento acabasse seria como perder um órgão vital. Seria como aquele meu coração, que tanto batia, deixasse de bater.
Sentia-me a ponto de explodir, aquela sensação de felicidade, aquele sentimento que nem ao menos sei explicar já tinha tomado conta até de minha corrente sanguínea. Estava cheia. Todo o vazio que havia em mim durante anos havia sumido em questão de milésimos de segundos. Tudo que eu sempre procurei tinha encontrado.
Tudo isso era muito novo para mim, nunca tinha vivido algo tão intenso, tão rápido e tão sem explicação. O que me doía o peito era saber que aquele momento poderia acabar. Precisava aproveitar tudo, como se fosse o ultimo dia de minha vida.
Éramos diferentes, porém algo nos tornava iguais. Meu futuro estava em minha frente, éramos duas partes de um inteiro. Queria que aquilo durasse pra sempre... E que esse pra sempre fosse toda a eternidade.
Parecia que eu o conhecia desde sempre, desde que nasci, era uma ligação tão forte. Minha vida tinha mudado. Como uma pessoa consegue mudar sua vida em praticamente uma noite? Perguntas, e mais perguntas... Sem resposta.
Acho que nunca mais conseguiria dormir se não visse aquele rosto de uma suavidade tão grande de novo.
Ele me olhava tão fundo que às vezes penso que era capaz de enxergar aquilo que nem eu, nem ninguém éramos capazes de enxergar, olhava tão através de tudo. Enxergava meu interior, era como se soubesse que eu precisava da presença dele ali. Ficaria horas olhando seus olhos de cor indefinida. Ficaria horas olhando seus olhos, tocando sua pele e beijando seus sorrisos.
E se tudo isso fosse uma visão alucinada qualquer? Não me importo mais em saber quem eu fui antes. Às vezes fazia com que meu coração parasse por alguns segundos. Sonhos acabam, e eu não queria que aquilo acabasse nunca. Sentia-me esgotada, precisava fechar meus olhos, aqueles que agora também eram dele. Ele atropelava meus sonhos. Ele tinha tanto a me oferecer. E eu, um tanto a mais pra ensinar.
Eu o amava tanto, e talvez nunca tivesse amado tanto numa única só noite. Amar alguém faz parte das coisas que não ficam numa lista de supermercado, faz partes das coisas eternas. Que costumam acontecer muitas vezes. Mas aquele amor, ah... Aquele amor sim era único e sem igual. Seus sorrisos largos me conduziam naquele mesmo mar de amor.
Todas as minhas energias já haviam sido consumidas por ele, era como um inseto que suga todo o néctar de uma flor para se alimentar. Eu, por minha vez, me alimentava da presença dele, era a única coisa que ainda me mantinha viva e me dava forças pra viver todo aquele momento inexplicável.
Não era um amor de sábado à noite, de uma esquina qualquer, amor moído, amor expresso, amargo, igual a um café feito numa terça-feira à noite pra te deixar acordado e terminar o trabalho, amor desses que a gente desconhece.
Eu sempre senti uma dor no peito que não sabia de onde vinha, nem por que. Mas era como se faltasse algo em mim. Talvez uma palavra, um gesto, um toque. Mas agora aquele vazio havia sido preenchido. Como uma mãe que preenche o côncavo do abraço seu no côncavo do abraço de seu filho.
Era simples... Mas pra mim era como se fosse o momento mais importante. Foi então que num salto, suas mãos vieram a encostar-se às minhas. Senti um arrepio que começava no dedão do pé e acabava num lugar bobo.
Seu corpo se fundia ao meu. Era uma transição entre o céu e o inferno, o bem e o mal. O inverno e o verão. Logo eu, que nunca quis saber do amor, estava perdida.
Queria que ele soubesse que eu era dele. E finalmente pudesse dizer que ele era meu.
Embora a temperatura estivesse fria demais para que minha pele branca e frágil demais pudesse suportar... Algo mantinha meu corpo aquecido. O vento gelado entrava por uma pequena fresta na janela logo a cima da minha cabeça, fazendo com que meu cabelo balançasse ao ritmo do vento. Meu cabelo formava uma cortina sobre meu rosto, caindo sobre meus olhos, me impedindo de enxergá-lo.
Minha única companhia sempre fora a solidão. Às vezes acompanhada de algum outro sentimento passageiro que fosse. Mas sempre, a triste, e fria: solidão. E ele, agora, parecia tão decidido a me dar os tantos outros sentimentos que eu nunca fui capaz de sentir. Por medo, ou alguma outra incapacitação humana que me impedia de amar, e ser amada.
Eu me via na chance de mudar. Finalmente alguém estava me dando algum motivo, mesmo que por menor que fosse, de me fazer mudar a ponto de ser melhor. E isso já me fazia sentir melhor. E ter forças de agarrar aquele momento cada vez mais.
Eu sabia que ele era real. Ele me fazia bem. Mas sempre tudo que me fez bem, e que eu acreditava ser real, não estava ao meu alcance. Por que meu destino havia mudado enfim?
Mesmo com toda a dificuldade de amar, e de ser amada, sempre estive em busca do amor verdadeiro... Qualquer sentimento verdadeiro que fosse. Que me fizesse acordar bem no meio da noite só para pensar se o outro estaria dormindo bem, ou se estaria pensando o mesmo que eu, que me fizesse ser tão mais distraída que o normal.
Ele me fazia perder o ar com apenas um olhar, ou um simples toque de mãos. Em seus olhos eu via que ele me amava mais do que estar vivo... Minha vida também dependia da sobrevivência dele.
Seria capaz de construir um mundo para nós. Não um mundo qualquer. Mas um mundo onde possamos pensar que ser feliz é uma condição de vida. Sendo uma pessoa que encara a vida como ela é. Sendo alguém que sabe sentir o gosto de querer estar vivo, para viver intensamente um amor no qual nenhum dos dois nunca se machucaria(...) INACABADO

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